Compromisso do Brasil

ARARAJUBA
Por Frederico Brandão, de Cancun para o site da WWF-http://www.wwf.org.br/wwf_brasil/
Durante o Segmento de Alto Nível da Conferência das Partes (COP) 13, em Cancun, o Brasil se comprometeu a garantir que 100% de suas espécies ameaçadas estejam sob alguma forma de estratégia de conservação até 2020, além de melhorar o status de conservação de pelo menos 10% dessas espécies.

Um dos primeiros passos para isso foi o levantamento de espécies ameaçadas, realizado entre 2009 e 2014, e que representou o maior esforço mundial sobre o tema já feito em um país. O processo envolveu mais de 1,2 mil pesquisadores que avaliaram 12.254 espécies – 8.922 vertebrados e 3.332 invertebrados. Como resultado, foram identificadas 1.173 espécies ameaçadas da fauna do Brasil, em diferentes níveis de perigo de extinção.

Os dados estão publicados no Sumário Executivo do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, lançado oficialmente em (8/12), em evento paralelo na COP 13. O trabalho foi realizado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), autarquia do Ministério do Meio Ambiente (MMA), com treinamento e orientação da UICN e colaboração de diversas organizações. Foi a primeira vez que o órgão coordenou o processo de avaliação das espécies da fauna, identificando o risco de extinção de todos os vertebrados com ocorrência no Brasil e de um grupo selecionado de invertebrados. A previsão é que o trabalho seja contínuo e aconteça a cada cinco anos.

O documento tem 75 páginas, em versão bilíngue, e disponível no site do ICMBio. O Livro Vermelho completo será lançado em março de 2017 e terá entre 4 mil e 6 mil páginas, incluindo a descrição dos dados de todas espécies, fotos e mapas de ocorrência.

A avaliação é considerada pelos especialistas uma das mais relevantes do mundo, por se tratar do Brasil, país megadiverso com alto índice de biodiversidade. “Não é apenas sobre o número de espécies, mas também sobre as principais ameaças e drivers relacionados ao seu estado de conservação. O levantamento confirmou que a perda de habitats, como conversão de ecossistemas e desmatamento, é a ameaça mais importante para a extinção de espécies terrestres e de água doce”, explica Claudio Maretti, diretor do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

De acordo com Ana Paula Prates, coordenadora dos Planos de Ação para a conservação das espécies ameaçadas (PAN), do ICMBio, esse é um primeiro passo, crucial, para o Brasil alcançar a meta 12 de Aichi – que prevê a extinção zero de espécies até 2020.

Compreender o estado de conservação da biodiversidade é o ponto de partida para um planejamento sistemático das medidas que devem ser tomadas para reduzir o risco de extinção das espécies, garantir sua sobrevivência e manter a funcionalidade dos ecossistemas.

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