Analista de sistemas por profissão, cartunista por hobby, casado com a fotógrafa e publicitária Marcela Pena Gama, “pai” de 6 cães e 2 gatos, Alberto Henrique Sousa nasceu, cresceu e vive em Uberaba. Hoje retrata sua vida comum por meio das tirinhas do DezOuMais, a convivência entre um casal de humanos e os seus cães e gatos. Eu garanto que é super legal e a gente se identifica muito com cada uma delas. Sabe essas coisas que falamos com nossos bichos mas que só sabe traduzir quem tem e faz a mesa coisa? Pois é assim. Sabe esse talento sem alarde que só as pessoas mais sensíveis têm? Pois é, ele tem. Confira esse talento de registrar esse cotidiano nesses endereços:
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“Não estar morto não significa estar vivo” amar os animais é estar vivo”
Marcos Moreno– Alberto, você e sua esposa cuidam de vários cães e dois gatos. Já tinha esse amor pelos bichos antes de casar?
Alberto Henrique Souza– O contato com os animais foi desde a infância, principalmente com cães, naquela época a relação era mais descompromissada do que temos atualmente. Na infância os cães e gatos normalmente ficavam mais soltos, não comiam ração e sim comida e levar ao veterinário não era tão comum na época. Hoje em dia temos mais animais e um relacionamento muito mais compromissado, passaram oficialmente a ser membros da família.
Marcos– Naturalmente cada um tem uma história. Todas são tristes ou algum deles veio como um presente, tipo comemorando uma data?
Alberto– Em casa temos 8 animais, desses 6 foram resgatados com histórias de abandono e acidentes e dois são cria de uma adotada, nunca compramos ou recebemos algum animal de presente, até porque toda a turma é de raça não definida, o famoso vira-lata. Alguns momentos foram de tristeza ao se deparar com as situações antes da adoção, como o Luke, último cãozinho adotado, mas foram de comemoração para eles e hoje são para todos nós.
Marcos– De todas as histórias, alguma você destacaria como a mais difícil ou mais emocionante?
Alberto- No começo do casamento morávamos em um apartamento e ainda não tínhamos cães e gatos convivendo conosco, mas em um final de tarde nos deparamos com uma cachorrinha que havia sido atropelada, estava na porta da casa da minha mãe e por relatos de vizinhos ela tinha sofrido o acidente nas proximidades, mas não prestaram socorro.
Levamos ao hospital veterinário e fizemos o que foi possível para salvar a vida daquela pequenina, do qual colocamos o nome de Branquinha. Ela ficou uns dias em nosso apartamento e alternando com o hospital, mas infelizmente ela não resistiu, foi um momento bastante difícil e comovente, mas isso fez uma mudança profunda da nossa relação e maneira de ver e ajudar os animais.
Marcos– Entrando um pouco na intimidade: como fica a convivência do casal com tantos bichos em casa?
Alberto- Nós dividimos os cuidados, enquanto um alimenta o outro limpa o quintal, um dá banho, outro dá remédios e por aí vai, é muito tranquilo, levamos muito bem. Como os dois gostam muito e por isso é uma relação muito tranquila.
É uma turma grande e sempre nos perguntam se eles não brigam, principalmente entre os cães e gatos, mas é uma convivência pacífica, não são agressivos. Quando ocorre algum excesso estamos atentos para interferir, mas no geral são todos amigos. O que ajuda nessa harmonia é que são todos castrados, e isso evita muitos problemas de comportamento e de doenças.
Marcos– Você é um desenhista talentoso. Tem alguma formação nesta área ou é um talento puramente nato?
Alberto– Desenhar é algo natural a todos, um traço mais elaborado é treino e formação, para mim é ainda um grande caminho a aprendizado e nessa caminhada tenho formação em Desenho Artístico, Personagens de Cartoon e História em Quadrinhos pela Escola Visuart Ltda com sede em São Paulo. A formação nos ajuda no direcionamento, mas 90% é prática e dedicação, assim vamos evoluindo.
Marcos– Ai você criou um site usando esse talento em favor dos bichinhos. Fale sobre isto.
Alberto– Na conclusão do curso de História em Quadrinhos eu apresentei a criação de tirinhas sobre o relacionamento entre humanos e animais de estimação. Me agradou muito a ideia de unir essas duas paixões, animais e desenhos, assim, em maio de 2016 eu comecei a publicar as tirinhas em um site próprio e também nas redes sociais.
Os personagens das tirinhas são um autorretrato, inspirados em mim, minha esposa e nossos cães e gatos. Com histórias que vão de certo realismo a fantasia, dentro de um humor leve e puramente divertido para todas as idades.
Assim podemos compartilhar as histórias e mostrar como é bom conviver com os animais.
Marcos– Seria possível viver desse trabalho atualmente no Brasil?
Alberto– Existem muitos profissionais na área de desenho que conquistaram um caminho viável, Maurício de Sousa e Ziraldo são os grandes nomes para exemplo, são muitos que conseguem, incluindo os desenhistas que fazem trabalho para as grandes editoras de quadrinhos como a Marvel e DC e fazem esses trabalhos vivendo ainda no Brasil.
Como qualquer negócio para dar certo depende de planejamento, dedicação, especialização e muita perseverança. Assim o resultado vai acontecer.
Marcos– Sua esposa também faz um trabalho muito bacana para contribuir para a causa da adoção. O que é exatamente uma adoção responsável?
Alberto– Sim, ela é publicitária e fotógrafa pet e faz fotos produzidas de animais para ajudar a divulgação da adoção. Já conseguiu ajudar cerca de 200 animais a serem adotados graças às fotografias.
A adoção responsável é oferecer não apenas os cuidados básicos como alimentação, higiene, castração, cuidados veterinários. Mas também tratá-los com respeito e amor, ter paciência, principalmente quando ficam idosos.
Marcos– Você acredita que os animais são seres que têm reconhecimento- tipo agradecimento?
Alberto– Acredito nisso, depois que passamos a conviver e vivenciar as experiências, principalmente de resgates, onde vemos que animais estavam em condições de quase morte, não só física, mas a morte do abandono que muitos humanos ainda simplesmente descartam seus animais por motivos diversos e na maioria injustificáveis. Esses animais ao serem resgatados e encaminhados para novos lares de amor são eternamente agradecidos aos seus novos tutores e isso é algo não falado, mas vivenciado.
Marcos– Você costuma assistir filmes sobre animais?
Alberto– Sim, seja com atores ou animações, são muito bons, pois conseguem em sua maioria retratar a essência da experiência de convivência entre os humanos e os animais. É quase impossível não se emocionar e se envolver com as histórias, principalmente quando retratam o abandono ou perda, isso realmente mexe bastante, é a identificação com a própria vida.
Marcos– Que recado você daria para os homens sobre os animais?
Alberto– A vida é muito curta, seja pra humanos ou animais, mas dos animais é mais breve ainda, então passar por essa vida sem dar um abraço e atenção a um animal é perder a oportunidade de ser um verdadeiro humano. “Não estar morto não significa estar vivo” amar os animais é estar vivo.