Importante: Antes e depois de resgatar um animal de rua

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Existem várias campanhas pelo mundo afora incentivando a adoção de animais. Hoje, a grande a maioria das pessoas que adotam o fazem em feiras próprias para isto ou em abrigos que recolhem os animais das ruas. Mas há também aquelas pessoas que resgatam o bichinho da rua e já adotam. Quando vêm de um abrigo ou feira, normalmente já estão “preparados”, o que quer dizer, castrados, vermifugados, vacinados, et. Os que são pegos direto das ruas, não trazem essas informações.

Número alarmante
Uma pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, no Brasil, existam mais de 30 milhões de animais abandonados, entre 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães. Apesar do número elevado, a quantidade de pets adotados da rua tem aumentado. Mas você sabe quais devem ser os primeiros passos ao resgatar um bichinho?
Para listar os principais cuidados que você deve ter ao tomar essa decisão, a médica veterinária Juliana de Aguiar Marcato e a fundadora da Associação 101 Viralatas, Aline Orestes Vieira, dão dicas importantes.                                                                          Confira as dicas das duas:

Antes de levá-lo pra casa

Esteja ciente da responsabilidade
Antes de resgatar um gato ou cão da rua, tenha noção de que, ao fazê-lo, a responsabilidade daquela vida passa a ser sua. Isso inclui abrigo e algum tratamento que ele possa necessitar.
Não se arrisque no resgate
Pense em sua segurança. Se o animal estiver em um local de risco, de difícil acesso, chame os bombeiros – eles têm treinamento para agir nesse tipo de situação. Lembre que uma pessoa machucada não vai conseguir ajudar nenhum animal.
Gatos são geralmente mais assustados. Para a própria proteção e por medo, eles podem machucar uma pessoa que se aproximar. É indicado usar uma toalha ou coberta para envolver o animal antes de pegá-lo. É importante também ter uma caixa de transporte. Se não tiver uma disponível, coloque o gato em um compartimento, mesmo que improvisado, para que ele fique seguro, não se machuque, e também não faça mal aos outros.
Cães geralmente são mais sociáveis, mais fáceis de manipular. Mas é importante colocar uma guia para que você consiga controlá-lo, porque ele também pode se assustar. Outro cuidado importante: é comum a pessoa ir atrás do cachorro na rua para tentar resgatá-lo. Ele pode correr e acabar atropelado. Se aproxime com cautela.
Procure um veterinário
No momento em que o animal for resgatado, é de extrema importância procurar atendimento veterinário. O profissional irá, primeiramente, verificar sinais clínicos que são evidentes, como fraturas, sangramentos antigos, pulgas, carrapatos, além de ajudar na identificação do animal, como sua idade aproximada. Se ele estiver ferido, provavelmente vai precisar de internação, às vezes até uma cirurgia.
Se não for possível levá-lo imediatamente após o resgate, forneça alimento e água e observe se o pet tem algum tipo de trauma no corpo.

Depois de levá-lo para casa

Isole-o dos outros animais

Se por algum motivo você levá-lo para casa antes de ir ao veterinário, e você já tem outro animal, isole o resgatado. Não deixe que eles tenham contato direto, porque o novo bichinho pode passar, além de parasitas e verminoses, algumas doenças contagiosas, mesmo se não houver sinal clínico aparente.
Procure por um suposto tutor
Quando se resgata um animal da rua, é importante verificar se o pet possui algum tipo de identificação. Se o tiver, o tutor deve ser contatado. Quando encontramos cães e gatos de raça, logo imaginamos que eles estão perdidos, e não costumamos ter esse pensamento com vita-latas. Esquecemos que esse animal também pode ter uma família procurando por ele. Então, antes de qualquer coisa, tire uma foto do bichinho e divulgue nas redes sociais – diz Juliana.

Atenção extra com gatos
Gatos, em geral, têm um processo de adaptação um pouco mais complicado.
Se você resgata um gato que não foi socializado, ele pode ser como um pequeno tigrinho. Esses gatos que nunca tiveram contato com humanos são chamados de semi ferais. Provavelmente nunca serão felizes dentro de uma casa, tanto que as pessoas que fazem muitos resgates geralmente só pegam eles pra castrar, para a população não aumentar, e depois devolvem ao ambiente – explica Juliana.
Segundo ela, o período de socialização do gato é de nove semanas. Se nesse período ele não tiver contato com o ser humano, é muito difícil que ele se torne um gato doméstico, e que aceite carinho, por exemplo.  Podemos até conseguir colocá-lo dentro de casa, mas esse animal vai sofrer, porque ele não consegue confiar no ser humano. Mas isso são casos extremos. O mais comum da gente encontrar na rua são gatos que tiveram donos que os abandonaram. E esse tipo de animal precisa muito do contato humano. É fácil de ver, o animal semi feral não dá nem pra colocar a mão. Já os que foram socializados com humanos vêm atrás, porque querem comida, querem se esfregar, querem carinho – completa a veterinária.
Só um profissional vai conseguir fazer essa avaliação de maneira segura e adequada. Cães, em sua maioria, já tiveram contato com pessoas e conseguem firmar um laço mais facilmente com humanos, mesmo tendo sofrido maus-tratos.
Claro que alguns podem ser agressivos, mas a maioria é aberta ao contato humano – frisa Juliana.
Não force a ração
Como os animais de rua estão acostumados a comer alimentos não-processados, é comum que eles estranhem uma alimentação totalmente à base de ração – existem pets que jamais comeram ração.
Comece dando comidas sem tempero – uma carne, por exemplo, é uma boa pedida. A partir disso vá introduzindo a ração aos poucos. Se for um animal muito mais velho, pode ser que ele nunca se acostume com a nova dieta.
Castre
Se o animal estiver em bom estado de saúde, o indicado é que seja castrado para evitar crias indesejadas e ajudar no controle populacional. O procedimento é indicado mesmo nos casos em que há a intenção de doar o animal:
Importante frisar a importância da castração. Se você resgatou o animal, e ainda não decidiu se vai ficar com ele ou vai doar, castre do mesmo jeito. Ao doar um animal fértil, distribuímos um problema. Uma cadela, por exemplo, gera centenas de descendentes em um ano. Em cinco anos, milhares. É muita coisa. Tem instituições e ONG’s que fazem castração por baixo custo em animais resgatados –, recomenda Juliana.
Dê a ele o tempo necessário
Quando resgatamos um animalzinho de rua, não sabemos pelo que ele já passou, incluindo seus possíveis traumas. Por isso, dê um tempo para que o cão ou gato entenda que você não quer machucá-lo, que ele pode ter confiança.
Nunca deixe um carinho parecer uma possível agressão. Espere o animal dar abertura. Pode chamar, dar um petisco, oferecer comida.
Quando filhotes, eles são muito mais abertos, então é mais fácil. Já com idosos, é preciso ter mais cuidado. Eles podem ter problemas articulares e podem se machucar ao pegar eles – isso não só com os de rua. E, como são animais irracionais, podem agredir em função disso.
Tem animais que, ao resgatar, já estão só amor. São poucos os casos em que eu resgatei que tive que dar um tempo para esse animalzinho. Alguns foram espancados, passaram por privação de comida e água, foram amarrados, todo tipo de maus-tratos. Temos uma poodle que foi abusada, e teve as duas patas quebradas. Imagina o sofrimento que ela passou. Então até ela ter confiança no ser humano novamente e entender que não vai acontecer algo terrível com ela, requer um tempo.
Cuide com a fuga
É importante também cuidar para que o animal não fuja antes de ter essa confiança. Por exemplo, cuide com janelas sem tela, muros baixos, portões eletrônicos.

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