O Julho Dourado é o mês dedicado à conscientização sobre a imunização para prevenção de doenças graves e zoonoses, garantindo um ambiente seguro e saudável para todos. Médicos-veterinários e especialistas reforçam que a conscientização e a educação dos tutores são essenciais para multiplicar os benefícios da vacinação, promovendo o bem-estar animal e humano.
A médica veterinária, especialista em Clínica Médica de Pequenos Animais e preceptora de Clínica Médica de Pequenos Animais no HVU, Larissa Beatriz Pereira Cavecchia, deu informações detalhadas sobre a importância da vacinação na prevenção de doenças graves e zoonoses.
“Os animais não vacinados podem transmitir algumas doenças aos seres humanos, como por exemplo a raiva e a leptospirose”
Marcos Moreno– O que é a campanha Julho Dourado e qual o seu objetivo?
Larissa Beatriz– A campanha tem o objetivo de conscientizar o maior número de pessoas sobre como prevenir doenças para as quais temos vacinas disponíveis na Medicina Veterinária, além de levar informações importantes sobre doenças graves e aquelas que podem ser transmitidas aos humanos.
Marcos– Quais são as principais atividades realizadas para promover a vacinação animal?
Larissa Beatriz– A conversa com o tutor no momento do atendimento é essencial para disseminar informações sobre a vacinação. Na maioria dos casos, o tutor tem mais de um animal, e saber como proteger os coabitantes quando um dos animais da casa está doente é crucial para a proteção de todos os membros da família. Uma boa orientação faz com que esse tutor se torne um multiplicador de informações e ajude a conscientizar mais e mais pessoas. Incentivar os tutores a realizar uma consulta com um médico veterinário logo que decidem ter um cão ou gato faz toda a diferença, pois assim terão a devida orientação sobre os cuidados corretos e instruções adequadas sobre o melhor esquema vacinal para o animal.
Marcos- Por que é importante vacinar os animais de estimação regularmente?
Larissa Beatriz– A vacinação faz com que o sistema imunológico do animal conheça alguns tipos de microrganismos sem causar sintomas e crie anticorpos contra eles. Assim, quando o animal entrar em contato com algum dos microrganismos presentes na vacina, seu sistema de defesa já o conhecerá e começará a combater a infecção, permitindo que não tenha sintomas ou, se tiver, que sejam brandos e ele se recupere mais rápido com o tratamento adequado.
Marcos- Quais são as doenças mais graves que podem ser prevenidas com a vacinação?
Larissa Beatriz- As principais doenças que podemos prevenir nos cães com a vacinação são: leptospirose, cinomose, hepatite infecciosa, parainfluenza, coronavirose, parvovirose, raiva, traqueobronquite infecciosa bacteriana e viral e giardíase. Nos gatos, prevenimos a rinotraqueíte, calicivirose, clamidiose, panleucopenia, leucemia e raiva.
Marcos- Quais são as principais zoonoses que podem ser transmitidas de animais para humanos?
Larissa Beatriz– As principais doenças zoonóticas são: leptospirose, esporotricose, bartonelose, sarna sarcóptica, leishmaniose, raiva e toxoplasmose.
Marcos-Como identificar os sintomas das doenças mais comuns preveníveis por vacinação em animais?
Larissa Beatriz- É importante observar o comportamento do cão ou gato. Alguns animais podem ficar mais quietos ou prostrados. Qualquer persistência de quietude é um sinal de que algo está acontecendo. A diminuição do apetite ou o apetite seletivo que persiste por mais de duas refeições seguidas também é um indicativo. Observar a coloração da gengiva e da mucosa dos olhos em vários momentos do dia é essencial; colorações mais claras ou amareladas indicam problemas. Vômitos e/ou diarreias persistentes, sintomas gripais como tosse, espirros e secreções nasais ou oculares também exigem investigação médica veterinária.
Marcos– Quais são os riscos para a saúde pública associados à falta de vacinação em animais?
Larissa Beatriz– Os animais não vacinados podem transmitir algumas doenças aos seres humanos, como por exemplo a raiva e a leptospirose, que possuem desenvolvimento clínico extremamente graves e podem levar à morte. A vacinação é o melhor método para prevenir surtos numa população de animais ou humanos.
Marcos- Qual é a idade recomendada para iniciar a vacinação em cães e gatos?
Larissa Beatriz– A vacinação ideal começa aos 45 dias de vida do filhote, exceto a vacina contra raiva, que deve ser administrada aos cães a partir de 3 meses e aos gatos a partir de 4 meses. O protocolo vacinal deve ser individual, indicado pelo médico-veterinário, considerando diversas condições como enfermidades dos coabitantes, idade, amamentação, desenvolvimento fetal e ambiente de vida. Algumas vacinas podem ser administradas a partir de 30 dias de vida.
Marcos-Quais são as vacinas essenciais para cães e gatos? Com que frequência os animais precisam receber reforços das vacinas?
Larissa Beatriz- Os cães e gatos necessitam de vacinas múltiplas, também chamadas de polivalentes, como a “V10”, conhecida por ter em sua composição 10 tipos de microrganismos diferentes. Em geral, recomendam-se 3 doses, com intervalo de 3 semanas entre elas. Mas é importante enfatizar que a quantidade de doses a serem administradas devem ser instruídas pelo médico-veterinário, pois, cada caso é um caso. Gatos possuem necessidades, doenças e vacinas diferentes dos cães, e portanto, a administração de duas doses, com intervalo de 3 semanas, pode ser suficiente. Após a conclusão do primeiro esquema vacinal, a revacinação é indicada anualmente, sendo necessário somente uma dose da vacina múltipla. No caso da vacina antirrábica, tanto para o cão, quanto para o gato, é indicado somente uma dose por ano para manter o cartão de vacinas atualizado.
Marcos- Existe alguma preparação necessária antes de levar o animal para ser vacinado?
Larissa Beatriz- O animal deve ser consultado por um médico-veterinário para uma avaliação clínica. Somente um animal totalmente saudável e já desverminado pode ser vacinado. Se o animal apresentar algum sintoma clínico, mesmo que discreto, a vacinação pode acarretar no desenvolvimento de doenças devido ao sistema imunológico deficitário.