O Agosto verde-claro é dedicado à conscientização e prevenção da leishmaniose, uma doença infecciosa causada pelo protozoário do gênero Leishmania. A campanha busca informar a população sobre os riscos, formas de transmissão, sintomas e medidas de prevenção da doença, que é transmitida principalmente pela picada de insetos flebotomíneos, conhecidos como mosquitos-palha.
A médica-veterinária, mestre e doutora em Ciência Animal, Isabel Rodrigues Rosado, que atua na área de Clínica Médica e Neurologia de cães e gatos no Hospital Veterinário da Uniube (HVU), deu informações sobre os sintomas, diagnóstico e formas de prevenção da doença.
“As mudanças climáticas refletem no habitat…”
Marcos Moreno– O que é a leishmaniose e quais são as principais formas da doença?
Isabel Rosado– Leishmaniose é uma doença infecciosa causada por protozoários do gênero Leishmania. Ela se apresenta de duas formas principais: leishmaniose tegumentar e leishmaniose visceral. Ambas são transmitidas pela picada de flebotomíneos (mosquitos-palha), e cada uma dessas formas tem manifestações clínicas, diagnóstico e prognóstico diferentes.
Marcos- Quais são os sintomas mais comuns da leishmaniose cutânea e visceral?
Isabel– Na leishmaniose cutânea, ocorrem lesões de pele, geralmente úlceras circulares com bordas elevadas, que geralmente estão distribuídas na ponta das orelhas e focinho. Já na leishmaniose visceral, há aumento de órgãos como baço e fígado, também podendo ocorrer anemia e alterações na pele.
Marcos- Como a leishmaniose é transmitida para os humanos e quais são os principais vetores?
Isabel- É transmitida pela picada de um mosquito popularmente conhecido como mosquito-palha, um flebotomíneo de nome científico Lutzomyia longipalpis.
Marcos- Como é feito o diagnóstico da leishmaniose e quais são os principais métodos utilizados?
Isabel– O diagnóstico da leishmaniose cutânea é feito por meio de exame parasitológico, procurando o parasita em material obtido de raspado das lesões. O diagnóstico da leishmaniose visceral geralmente é sorológico, com a pesquisa de anticorpos em amostras de sangue.
Marcos- Quais são os tratamentos disponíveis para a leishmaniose e como eles variam entre as diferentes formas da doença?
Isabel– A leishmaniose cutânea é tratada com uma medicação chamada miltefosina. O tratamento da leishmaniose visceral em humanos pode ser realizado com diversas medicações. Nos cães, apesar de existir uma medicação licenciada pelo MAPA, o tratamento não é recomendado pelo Ministério da Saúde.
Marcos- Quais são as principais medidas de prevenção contra a leishmaniose?
Isabel– Nos cães, as principais medidas de prevenção são o uso de coleiras repelentes e evitar passeios ou que os animais fiquem em áreas externas nos horários crepusculares, ou seja, quando o dia está amanhecendo ou anoitecendo. Em humanos, é indicado o uso de repelente, roupas de manga e calça compridas, e telas em janelas e mosquiteiros.
Marcos- Quais são as populações mais vulneráveis à leishmaniose?
Isabel– Indivíduos que vivem em regiões endêmicas, rurais ou periurbanas, próximas a regiões de matas.
Marcos- As mudanças climáticas podem afetar a distribuição geográfica dos vetores da leishmaniose?Isabel– Com certeza. As mudanças climáticas refletem no habitat e predadores dos vetores, podendo levar ao aumento na população desses mosquitos e na mudança na sua distribuição espacial, encontrando condições favoráveis para sua sobrevivência e alimentação em regiões urbanas.
Marcos- Quais são os avanços recentes na pesquisa sobre vacinas e tratamentos para a leishmaniose?
Isabel– As vacinas tiveram seu registro suspenso e não oferecem 100% de proteção. O tratamento em cães ainda é controverso. Os principais avanços são no desenvolvimento de métodos de diagnóstico.