Atitude!
Formada em Pedagogia, mas profissional do segmento comercial, Cláudia Toledo faz parte de um grupo de protetores independente de animais, mais precisamente cães e gatos, naturalmente por serem essas espécies as que se socializaram com o ser humano, se tornaram “pets” e hoje sofrem com o abandono. Desse grupo fazem parte pessoas com o mesmo instinto, o instinto de proteção a esses bichos abandonados ou vítimas de crueldade. Exatamente por ser instinto, não pretendem nada em troca. Um grupo de pessoas que simplesmente, com suas atitudes, lutam por respeito e generosidade para com os animais. Cláudia tem sido testemunha de coisas inimagináveis nessa questão, mas também tem colecionado vitórias quando consegue amenizar o sofrimento dos que cruzam o seu caminho.
“Sempre tenho alguma dívida em clínicas, pet shops e hotelzinho”
Marcos Moreno– Você é uma das mais conhecidas protetora independentes de cães. A pergunta óbvia: o que a motivou para isto?
Cláudia Toledo– O que me motivou foi o abandono,descaso e a crueldade com os animais. A minha primeira manifestação foi aos 9 anos contra meu vizinho que jogou uma gata parida e seus filhotes em um córrego. Eu juntei amigos e primos, fizemos cartazes e fomos “manifestar” de frente a casa dele.
Marcos– Você já participou de resgates de outros animais que não cães?
Cláudia– Sim. Gatos, cágados, coelho e galinhas.
Marcos– Qual é a maior dificuldade nessa atividade de protetora independente?
Cláudia- Parte financeira. Sempre tenho alguma dívida em clínicas, pet shops e hotelzinho. Procuro parceiros que possam dar LT (lar temporário) para os resgatados. É um pedido de ajuda sem fim.
Marcos– Em comum, todas as pessoas que fazem esse trabalho de resgate e proteção têm depressão (por algum tempo ou por muito tempo). Você pode falar sobre isto?
Cláudia- Eu mesma não tenho. Minha maior frustração é não poder ajudar a todos que eu gostaria. Mas isso me motiva correr atrás muito mais. Porém conheço várias protetoras que tem graves casos de depressão.
Marcos – Vou repetir a pergunta que já fiz para vários protetores: existem lugares (municípios) com uma situação melhor para os animais abandonados?
Cláudia– Sim.
Marcos– O que você me diz sobre o caso do cão queimado em Uberaba?
Cláudia– Uma covardia sem tamanho. Discórdia entre traficantes e quem perdeu a vida foi o animal inocente e indefeso.
Marcos– Você é favor dos “cruzamentos ” com objetivo de “criar” uma outra raça?
Cláudia– Sou totalmente contra.
Marcos– Você acha que existem poucas leis de proteção ou que apenas não são respeitadas. Se for esse o caso, que medida acharia importante para que existisse mais respeito pelos animais?
Claudia– Acho que as leis são precárias e ineficientes, nada em prol do animal. Tive experiência à 4 anos atrás um caso de abandono de um cachorro acorrentado, impossibilitado de se alimentar, descobrimos o paradeiro do dono e foi assim que fomos parar na justiça. O resultado !? Ele apenas pagou uma cesta básica e saiu rindo da minha cara. Essa é a “punição severa” de um abandono cruel.
Marcos– Você ainda acredita no ser humano?
Claudia– Acredito em termos. Tenho excelentes pessoas ao meu lado que me auxiliam, tudo em prol dos animais. Nessas pessoas eu confio 100%.
Marcos- Seria possível pra você, se afastar desse trabalho de proteção e se voltar mais para um cuidado pessoal? Você gostaria disso?
Claudia– Às vezes tenho vontade de ter tempo para mim. Mas meu amor pelos animais “grita” mais alto.
Marcos- Você pode deixar uma mensagem para os seguidores do blog?
Claudia- Eu gostaria que cada um fizesse um pouquinho a sua parte. Como, uma vasilha de água, pote de ração na porta da casa, ajudar em bingos e rifas. Isso é de grande valor para nós protetoras.