Especialistas orientam como tornar esse processo menos sofrível para o cão e mais simples para o tutor

Por Isadora Pacello
Se nem nós gostamos de tomar remédio, imagine os pets! Fazer o animal ingerir a dosagem necessária — seja ela líquida ou em comprimido — pode ser uma tarefa bem complicada e angustiante, tanto para o tutor, quanto para o cão. Mas não precisa ser assim.
A seguir, Rafael Parra Lessa, médico-veterinário com 19 anos de experiência clínica, e André Gaspar, adestrador especialista em cachorros, compartilham algumas dicas para amenizar o estresse na hora de administrar o remédio líquido para o pet.
- Acalme-se Se você estiver ansioso ou estressado, provavelmente isso resultará em movimentos mais bruscos e embrutecidos, que podem denunciar seu estado de espírito ao cachorro ou até mesmo feri-lo. Sem contar que os cães conseguem sentir o cheiro da adrenalina, indicando que há algo errado. O animal ficará na defensiva e será mais difícil contê-lo para administrar a medicação.
- Disfarce o remédio
Uma boa opção é lambuzar um petisco com o remédio ou misturá-lo à comida pastosa (em pequena quantidade) e oferecer ao pet. A ideia é que o cão pense que é só uma guloseima e coma normalmente, ingerindo o remédio sem perceber. Se precisar diluir em água, que seja uma quantidade pequena, para garantir que o animal consumirá tudo.
No entanto esse caminho nem sempre é válido. Evite se o medicamento for muito amargo ou azedo, como é o caso da dipirona, por exemplo, porque o pet pode associar o petisco com o gosto ruim e parar de consumi-lo. E, se a dosagem for muito grande, fica inviável utilizar essa técnica. Mas atenção! Antes de tentar essa estratégia, consulte o veterinário para saber se a eficácia do medicamento é comprometida ao misturá-lo com a comida.
- Use uma seringa
O mais comum é apostar em uma seringa para administrar o remédio. Ela não pode ser muito grande, para não machucar o pet, nem muito pequena, para que o processo não demore demais. A estratégia mais comum é usar uma seringa e posicioná-la na lateral da boca do cão, bem no fundo. Não é necessário abrir a boca do cão. Em vez disso, posicione a seringa na lateral da boca, bem no fundo, onde há uma pequena abertura. Assim, o medicamento não entrará em contato com a maior parte da língua do animal, e, se o gosto for ruim, o incômodo será mínimo. Libere o líquido numa velocidade média, parecida com a que o cão bebe água, para evitar que ele engasgue.
- Evite gotas
Dificilmente um cão ficará parado esperando o tutor pingar todas as gotas do remédio. O provável é que ele tente se desvencilhar ou dificulte muito o processo. Por isso, o ideal é seguir os passos 2 ou 3. - Recompense o pet!
Depois do procedimento, recompense o bicho com petiscos e carinho, para que ele associe o desconforto com um momento feliz, tornando as próximas vezes mais fáceis.
E lembre-se: a compensação precisa ser proporcional ao incômodo. Por isso tratamentos mais longos ou mais desconfortáveis precisam de prêmios mais valiosos para o pet. - Prepare o cão desde cedo O ideal é que o cachorro já esteja acostumado desde filhote a processos parecidos com a administração do remédio. Uma técnica interessante é posicionar uma seringa parada próximo ao pet, e, quando ele colocar a boca, recompensá-lo. Aumente gradativamente o tempo de contato entre a boca e a seringa e, depois, encha o utensílio com água, para simular o remédio. Dessa forma, quando precisar ser medicado, o bicho ficará mais tranquilo, porque a situação não será novidade.
- Nunca use força
Não há necessidade de ser bruto ou de abrir a boca do animal para medicá-lo. Usar força só tornará o processo mais difícil nas próximas vezes. - Atenção à dosagem
Sempre pergunte ao veterinário o que fazer no caso de o animal vomitar ou cuspir o remédio. E nunca aumente a dosagem por garantia, exceto se o veterinário tiver liberado. - Converse com o veterinário
Quem prescreveu o remédio saberá se ele pode ser diluído ou misturado à comida, se pode ser administrado com outro medicamento na mesma seringa, para diminuir as manipulações, e orientar sobre o que fazer caso o animal vomite ou cuspa o remédio.
Além disso, o profissional poderá indicar técnicas para a administração do medicamento, ou, ainda, sugerir outros formatos, como géis, pastinhas ou cremes.