Para participar da iniciativa, famílias precisam pedir aprovação a médicos e apresentar laudo veterinário. ‘Vai ajudar na recuperação’, diz filha de aposentado internado desde janeiro.
Bastou a cocker se aproximar para que um senhor de 70 anos, matar a saudade que o afligia havia mais de um mês. É que o aposentado está internado desde janeiro em um hospital de Ribeirão Preto- SP, devido a complicações causadas pela Covid-19.
Nesta semana, como recebeu alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) depois de 36 dias, ele pôde ver novamente Maia através de uma terapia com cães e gatos promovida pela unidade.
A visita contou várias medidas de precaução: a família teve que pedir autorização à equipe médica com 72 horas de antecedência e precisou apresentar laudo médico veterinário e comprovante vacinal da cachorra.
Além disso, o reencontro ocorreu em um espaço aberto do hospital filantrópico.
“Como a gente conversava sobre o que ele tinha vontade, ele falava da Maia. É um paciente que ficou entubado, e vem vencendo etapas importantes na vida. Essa humanização que esse hospital conseguiu promover tem sido essencial para o paciente dar um passo adiante”, diz a médica intensivista que atendeu o aposentado.
O médico infectologista destaca que a iniciativa ultrapassa os limites da medicina e diz que a ação pode trazer inúmeros benefícios ao paciente.
“Isso transcende muita coisa que a gente tem na teoria da medicina. Traz alívio da dor e da angústia. Cria um grau muito grande de esperança na reabilitação e está comprovado por vários estudos que diminui o tempo de recuperação. O grau de satisfação é impagável”, pondera.
E a família?
A Filha desse senhor, que é auxiliar administrativa foi uma das responsáveis pela visita. A irmã dela, também participou da ação. Ela conta que o aposentado considera ser pai de três filhas: ela, Patrícia e Maia.
“Meu pai ama a Maia, é uma das filhas dele. Ficou na UTI e está indo para o quarto. Acho que, por conta da visita, ele vai para casa ainda essa semana (risos)”, brinca.
Já a irmã diz que o reencontro não foi bom apenas para a cachorra e pai, mas também para toda a família.
“Estou emocionada por ter a oportunidade de o meu pai poder ver a cachorrinha que ele tanto ama. Tenho certeza que ela vai ajudar na recuperação dele”, conta Patrícia.
Aspecto psicológico
A psicóloga que trabalha no Hospital ressalta que, durante a internação, o paciente costuma ficar privado da vida que tinha. Segundo ela, possibilitar esses reencontros significa resgatar vínculos e levar esperança durante um momento tão complicado.
“É muito importante pensar no cuidado com o paciente de forma integral. Quando o paciente vem a uma UTI, ele fica privado da vida que tinha lá fora. Dos amigos, da família. Então, promover reencontros é uma forma de restabelecer esses vínculos. É uma emoção muito grande, um cuidado além do essencial”, conclui.