José Carlos de Oliveira Silva

Vet Viajante

Formado na Universidade Federal do Mato Grosso, em 2016, o médico veterinário José Carlos de Oliveira Silva participa de um projeto muito interessante sobre o qual nos fala nessa entrevista: o “Vet Viajante”. Ele é pós-graduado em clínica médica e cirúrgica de pequenos animais e gosta de estudar e fazer cirurgias. Sua disponibilidade em ajudar os animais tem sido tema de conversas entre protetores independentes que tiveram assistência dele para animais resgatados e em seus próprios pets. Logo no início da carreira ele se aventurou em viagens quando experiências de vida e trabalho foram tão fundamentais na formação do seu ideal. Ainda muito jovem, tem uma consciência extremamente importante e um pensamento próprio sobre o que realmente um humano pode fazer por um animal.

Marcos Moreno: Você é muito jovem e parece que já carrega uma notável experiência. Isso vem do seu projeto de vida que originou o “Vet Viajante”?
José Carlos de Oliveira Silva- Na verdade isso vem do incentivo que tive no início da minha carreira trabalhando em uma ONG (APAMS), lá pude perceber o quanto é importante ajudar animais errantes e a grande quantidade de animais que precisam de ajuda.

Marcos- De onde veio a vontade de seguir essa profissão?
José Carlos– Desde criança sou muito apegado aos animais, minha família sempre gostou muito e incentivava a convivência com eles. Fiz curso técnico em agricultura e zootecnia de 2010 a 2012, e aumentou o interesse em trabalhar com animais. Concluindo o Ensino Médio decidi por fazer medicina veterinária.

Marcos- No início do seu trabalho, ajudou muitas ONGs em várias cidades. Como funcionava esse trabalho?
José Carlos– Trabalhei inicialmente como funcionário de uma ONG e nela tive a oportunidade de fazer cursos que agregaram muito na parte de liderança, trabalho em equipe, especialização em clínica médica e cirurgia, e produção de trabalhos estatísticos visando focar o trabalho nas principais dificuldades a serem solucionadas. Após dois anos e meio comecei a levar esse conhecimento a lugares que estavam iniciando o trabalho com animais errantes e tive a oportunidade de colocar em prática e aprimorar em diferentes lugares toda bagagem adquirida nessa fase inicial.

Marcos-Que lugar foi mais marcante para você em relação a esse trabalho com ONGs?
José Carlos- Sinop foi a cidade que me formei e tive a oportunidade de trabalhar na APAMS (Associação Protetora dos Animais do Município de Sinop). A APAMS foi um grande marco na minha carreira porque lá foi onde tive a virada de chave que me mostrou o quanto é importante e necessário ajudar os animais. Foi também o lugar onde passei por diferentes estágios de evolução relacionado a como administrar e organizar o trabalho em equipe em prol desses animais.

Marcos– Por que não se manteve trabalhando nessa ONG?
José Carlos– Com o passar do tempo pude perceber que tinha a oportunidade de ajudar um número maior de animais se levasse esse conhecimento adquirido para lugares que ainda não tinham suporte na causa animal. O meu objetivo passou a ser, digamos assim, expandir essa ajuda para animais em várias cidades por todo o Brasil.

Marcos– Você conheceu outros projetos e ONGs interessantes pelo Brasil?
José Carlos- Sim! Consegui participar da formação de outra ONG do zero, consolidar uma base que poderia permanecer em atividade após minha partida. Tive também a oportunidade de visitar e ajudar de alguma forma várias ONGs no litoral do Brasil, iniciando no Rio de Janeiro e viajando até Camaçari na Bahia.

Marcos- Sendo de Uberaba, por que a escolha por Brasília para sua especialização?
José Carlos – Ir para Brasília foi um convite do meu professor da matéria de cirurgia, porque lá eu teria a oportunidade de acompanhar o Richard Filgueiras (presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgia Veterinária). Por esse motivo decidi ir para Brasília, para acompanhar um dos principais nomes da medicina veterinária na área de cirurgia no Brasil e no mundo.

Marcos- Como você realiza o seu trabalho em Uberaba? Tem uma clínica?
José Carlos– Presto meus serviços veterinários em diferentes clínicas em Uberaba no momento, tenho meu número comercial também onde os clientes que entram em contato encaminho para a clínica mais perto do seu domicílio em casos cirúrgicos e faço atendimentos em domicílio. Participo também do Projeto Vet Viajante. Com o projeto arcarmos com o custo do atendimento e castração de animais que vivem nas ruas.

Marcos- Que serviço voluntário pode prestar um médico-veterinário?
José Carlos- Perante o conselho de medicina veterinária não podemos realizar atendimentos e prestação de serviços que são de exclusiva realização do médico-veterinário sem cobrar os custos do serviço. Dessa forma os animais que são ajudados com o projeto ou de livre decisão minha, os custos são passados para o Projeto Vet Viajante.

Marcos- No seu dia a dia nesse trabalho você consegue distinguir muito bem quem “ajuda” um animal de quem “acha que ajuda”. Qual é a diferença?
José Carlos- Ajudar o animal está ligado diretamente em fazer tudo que o animal precisa para sua reabilitação e adoção, dessa forma uma ajuda é realizada quando a pessoa resgata, castra, vacina, vermífuga e deixa o animal apto para adoção.
O que mais vemos, infelizmente, são pessoas que resgatam o animal que foi atropelado ou vive na rua e, simplesmente, quer deixá-lo em um local que possa recebê-lo e posteriormente tomar os cuidados necessários para a reabilitação do mesmo, isso não podemos classificar como ajuda, pois é apenas uma transferência de responsabilidade com aquele animal. Quem realmente ajuda toma todas as medidas necessárias para que aquele animal esteja saudável, imunizado e com qualidade de vida para ser adotado ou encaminhado para um lar temporário.

Marcos-Pode deixar uma mensagem para os seguidores do blog?
José Carlos- Acredito que se todos ajudassem um pouco mais na causa animal, poderíamos um dia solucionar o que hoje é visto como um problema de saúde pública. E essa ajuda pode vir de diferentes formas, conscientizando nossas crianças sobre a importância de cuidar e amar os animais, abrindo portas para que quem tenha interesse de trabalhar na causa animal obtenha mais suporte, cobrando políticas públicas para melhor elaboração de trabalhos voltados a animais carentes, contribuindo de alguma forma para o cuidado daqueles animais que precisam, ajudando um conhecido com os cuidados mínimos que deve se ter com seus animais e assim por diante.

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